Relendo antigas fotografias Encontro alguém que já fui um dia Ao lado de pessoas que hoje já não sei quem são Tantos semblantes difusos, distorcidos pela velha estrada Tons amarelados em papeis em que não se vê mais quase nada Texturas foscas em preto e branco Guardavam cores de tantos planos Hoje arquivados num canto qualquer da sala Tantos sonhos se perderam no caminho desta velha estrada Quantos eus que já nasceram e morreram ao longo da jornada Tantas vezes quis lembrar Os detalhes que se espalham pelo ar Se eu pudesse não esquecer As lembranças de um tempo bom que nunca voltará Um coração deixado em pedaços Me fez guardar imperfeitos traços Do rosto de um amor que não se revelou Tantas paixões e prazeres inventados nesta velha estrada O futuro eram estrelas vistas do jardim ao lado da escada Contrastes de uma juventude Sombra inocente, inquietudes Talvez fizesse igual de um jeito diferente Tantas questões vagamente respondidas sobre a velha estrada De alguém que diz ter sido a pessoa certa para a escolha errada Tantas vezes quis saber Procurei em muitas fotos de jornais Sei que às vezes não consigo nem lembrar Mas me esquecer, jamais Imagens turvas em grandes doses Hoje enquadradas em novas poses Pra construir as novas recordações Tantos amigos perdidos, encontrados nesta velha estrada Como eu queria vê-los pra falar de coisas fúteis, dar risada Sem demora pra botar em dia histórias ora engraçadas Porque é bom poder juntar as fotos que um dia foram espalhadas