Eu adentro o século XXI No vazio impiedoso De um ônibus lotado Eu adentro o século XXI Com dinheiro contado no bolso E contado errado Eu adentro o século XXI E reparo o erro desastroso Ao ver sentado Em seu trono de informação Um rei europeu que nasceu no Brasil Reverenciando a bandeira De outra nação Será que peguei o ônibus errado? Você diz que não Mas queria ter pego Será que entrei No século errado? Você diz que não Mas queria ter entrado E os becos choram A morte do novo Machado Que não chegou a nascer E os justos choram O novo Castro Alves Que não pôde escrever Enquanto os novos velhos artistas Se masturbam com as cordas Dos violões de MPB As mesmas cordas que enforcam Os gritos não gritados De quem tem, de fato Algo a dizer Será que peguei o ônibus errado? Você diz que não Mas queria ter pego Será que entrei No século errado? Você diz que não Mas queria ter entrado E como você ainda consegue andar por essas ruas onde você cresceu? E as pessoas nas janelas Você se são Realmente felizes Ou são como você E eu? Ou são Como você e eu? A vida é tão longa E parece que eu não saio do lugar (Você me pergunta se eu não mostro nada a não ser submissão E me faz pensar Pode o filho nativo da dor um dia rebelar) A vida é tão longa E parece que eu não saio do lugar