Felipe Vilela

Frequência (part. Clovis Pinho)

Felipe Vilela


É louco demais ver como a vida passa
Vê os tesouros do mundo sendo engolidos
Por ferrugem e traça, no rol dos heróis, na liga da injustiça
Onde arrogantes degustam sua própria carniça

A cortesia da soberba é a queda, o segredo
É ser intenso e celebrar quem te celebra
A vida é curta e tem poucas cenas e as estrelas
E os coadjuvantes mudam com frequência

Eu não vivo em busca do melhor roteiro
Sou governado pela paz do homem morto no madeiro
E sem me embriagar com som dos aplausos
Pois tenho sede de justiça e não obsessão por palcos

A plataforma não define um homem
Mas no que ele acredita em qual verdade o consome
Deus do céu me revista de franca poesia
E que tudo que oblíquo se revele no som da batida

O senhor conhece as minhas origens
E eu sei que Jesus também nasceu lá
Na periferia

Ainda que a morte me assole com a frustração que invade
Não enterrarei meus talentos no campo dos covardes
Porque o medo me impede de lutar
Mas eu acordo a minha alma todo dia pra sonhar

Nada se cria, nada se perde tudo se transforma
No mundo em que vivemos, tudo se vende
Tudo se compra tudo se troca

A vida real contada em um conto de fadas
Onde os sonhos são cativos das gavetas
Empoeiradas dos réus fadados ao ativismo e que compram
Apostasia em forma de anti depressivos

Capitalismo é isso torna as pessoas lixo
Se um cego guiar outro cego ambos
Cairão no abismo

A face oculta não aparece no noticiário
Nem Jesus clamando por água e
Roma dando vinagre
O maestro que rege um coral de mudos
Tem a loucura como a principal virtude

E sem sair da sintonia e da frequência dos sonhos
E dar a volta no mundo andando de carona
Mas a essência se explica ao olhar pro espelho
Porque meu bom, os fins não justificam os meios

A vida é muito mais que isso