É louco demais ver como a vida passa Vê os tesouros do mundo sendo engolidos Por ferrugem e traça, no rol dos heróis, na liga da injustiça Onde arrogantes degustam sua própria carniça A cortesia da soberba é a queda, o segredo É ser intenso e celebrar quem te celebra A vida é curta e tem poucas cenas e as estrelas E os coadjuvantes mudam com frequência Eu não vivo em busca do melhor roteiro Sou governado pela paz do homem morto no madeiro E sem me embriagar com som dos aplausos Pois tenho sede de justiça e não obsessão por palcos A plataforma não define um homem Mas no que ele acredita em qual verdade o consome Deus do céu me revista de franca poesia E que tudo que oblíquo se revele no som da batida O senhor conhece as minhas origens E eu sei que Jesus também nasceu lá Na periferia Ainda que a morte me assole com a frustração que invade Não enterrarei meus talentos no campo dos covardes Porque o medo me impede de lutar Mas eu acordo a minha alma todo dia pra sonhar Nada se cria, nada se perde tudo se transforma No mundo em que vivemos, tudo se vende Tudo se compra tudo se troca A vida real contada em um conto de fadas Onde os sonhos são cativos das gavetas Empoeiradas dos réus fadados ao ativismo e que compram Apostasia em forma de anti depressivos Capitalismo é isso torna as pessoas lixo Se um cego guiar outro cego ambos Cairão no abismo A face oculta não aparece no noticiário Nem Jesus clamando por água e Roma dando vinagre O maestro que rege um coral de mudos Tem a loucura como a principal virtude E sem sair da sintonia e da frequência dos sonhos E dar a volta no mundo andando de carona Mas a essência se explica ao olhar pro espelho Porque meu bom, os fins não justificam os meios A vida é muito mais que isso