Num tempo distante Um lugar tão seu O menino cresceu Sonhando ser aviador O tempo voou O sonho ficou E o menino não esqueceu O ideal de ser feliz Fez a malas e a coragem Saiu de viagem Deixou sua gente Deixou seu país Em outro continente Desafiou o idioma Buscou o diploma E o ideal de ser feliz De farda azul De norte a sul Cortou o véu do céu De seu novo país O sonho realizado Um sorriso estampado No envelope fechado A fotografia Mas o destino danado Pregou-lhe uma peça E o menino assustado Apresentou se às pressas E nas forças armadas Se viu numa armadilha Bombardear seu país Matar sua família E as mãos trêmulas no manche Ouve ordem de revanche De ódio e de dor Seu campo de sonhos É um campo de guerra, de horror Com lágrimas nos olhos Mira a montanha Um rasante certeiro Uma explosão tamanha A fumaça suspensa Um silêncio cortante E tudo para e dispara Por um instante E até hoje a aldeia distante Chora por seu menino Preso na teia gigante De um emaranhado destino