Salto no escuro Entre dentes trago a faca E nos meus olhos coloridos Juro Vem ver o fogo no mar Os peixes a arder Ó Ana vem ver Ó Ana vem ver Ó Ana vem ver Voando em arco Esgueiro o corpo num balanço Como um piloto do inferno, assalto Nas asas guerreiras de um anjo Seja louvado Atacamos mui baralhados Como um bando endiabrado Por Jesus na sua cruz Chora por mim ó minha infanta Escorre sangue o céu e a terra Ah pois por mais que seja santa A guerra é a guerra Malaca Malaca A guerra é a guerra No céu e na terra Nos dentes a faca Avanço e avanço A guerra é a guerra No céu e na terra Balanço, balanço Cruzado cruzado A guerra é a guerra No céu e na terra O mais enfeitado Largar largar O fogo no mar Seja bendito De todos o mais enfeitado Olha p'ra mim o mais guerreiro ao vivo Olha p'ra mim o teu amado E o céu a arder Ó Ana vem ver Ó Ana vem ver Ó Ana vem ver Barcos em chamas erguidas Parecia coisa sonhada queimados Os gritos horrendos da besta ferida E lá dentro ardiam homens encurralados E cá fora à cutilada Decepados p'la calada Pelos peitos já desfeitos Chora por mim ó minha infanta Escorre sangue o céu e a terra Ah pois por mais que seja santa A guerra é a guerra Foge saloio Eh parolo Aguenta António de Faria E a fidalguia Todo o massacre E todo o desconsolo Que já lá vem o Coja Acém E o mar a arder Ó Ana vem ver Ó Ana vem ver Ó Ana vem ver Diz-nos adeus o pirata, o labrego De cima daquele mastro Trocista e airoso Mostrando o traseiro cafre Preto escuro de um negro Levando-nos coiro e tesouro Rindo de gozo Perdeu-se o resto na molhada Pelo estrondo na quebrada No edema da gangrena Chora por mim ó minha infanta Escorre sangue o céu e a terra Ah pois por mais que seja santa A guerra é a guerra