Fausto

Eu Tenho Um Fraquinho Por Ti

Fausto


Eu tenho um fraquinho por ti 
tu não me dás atenção 
tu não me passas cartão 
quando me ponho a teu lado 
tremo nervoso de agrado 
e meto os pés pelas mãos 
tu vais gozando um bocado 
a beber vinho tostão 
eu com o discurso engasgado 
fico a um canto, que arrelia 
de toda a cervejaria 
onde vais rasgar a noite 
se te olho com ternura 
olhas-me do alto da burra 
que mais parece um açoite 
é um susto um arrepio 
que me malha em ferro frio. 

Eu tenho um fraquinho por ti 
que me vai de lés a lés 
tu dás-me sempre com os pés 
quando me atiro enamorado 
num estilo desajeitado 
disfarço em bagaço e café 
tu fumas o teu cruzado 
e fazes troça, pois é, 
já tenho o caldo entornado 
esqueces-me da noite p´ro dia 
em alegre companhia 
de batidas e rodadas 
tu ficas nas sete quintas 
marimbas, estás-te nas tintas 
p´ra que eu ande às três pancadas 
basta um toque sedutor 
eu cá sou um pinga-amor. 

Eu tenho um fraquinho por ti 
que me abrasa o coração 
quase me arrasa a razão 
a tua risada rasteira 
põe-me de rastos, à beira 
do enfarte da congestão 
encharco-me em chá de cidreira 
mofas de mim atiras-te ao chão 
zombando à tua maneira 
lá fazes a despedida 
ao grupo que vai de saída 
dos amigos da Trindade 
mas no fim da noite, à noitinha, 
tu ficas triste e sozinha 
à procura de amizade 
e como é costume teu 
chamas o parvo que sou eu. 

Afino uma voz de tenor 
ensaio um ar duro de macho 
quando estás na mó de baixo 
quero ver-te arrependida 
mas numa manobra atrevida 
rufia, muito mansinha, 
dás-me um beijo e uma turrinha 
que me põe num molho num cacho 
estremeço com pele de galinha 
e gosto de ti trapaceira 
da tua piada certeira 
do teu aparte final 
do teu jeito irreverente 
do teu aspecto contente 
do teu modo bestial 
noutra palavra mais quente 
eu tenho um fraquinho por ti.