Fátima Leão

Vida de Cabloco

Fátima Leão


Chego da roça pra espantar minha canseira
Pego o banco de madeira e vou sentar lá no quintal
E as galinhas vão subindo no puleiro
E o meu gado leiteiro vai chegando no curral
E lá na serra restos de um sol vermelho
Que brilhou o dia inteiro pra ajudar a plantação
É a mão de Deus abençoando mais um dia
Noite chega e anuncia Lua Cheia no sertão

Me diz Senhor o que eu posso fazer
Pra poder agradecer a minha vida de caboclo
Me diz Senhor o que eu fiz pra merecer
Tudo aqui vem de você e o que eu faço é tão pouco

O sono chega bocejando pego o banco
Entro dentro do meu Rancho
Encosto a porta pra dormir
Um Pai-Nosso e uma Ave-Maria
Rezo pra minha família que me ajuda prosseguir
O galo canta outra vez é madrugada
De cabeça descansada o meu rosto vou lavar
O meu café é natural não é expresso
Não sou contra o progresso, mas adoro esse lugar