Os olhares das pessoas miram algo além de nós Nos atravessam como raio-x Como se todos fossem robôs contidos por suas fomes e sedes Guiados por seus tolos prazeres Mantidos pelos seus salários Pouco sabem do que fala a canção Que balbuciam por pura repetição Impregnada pelo rádio e a televisão É o que chamam de civilização Eles não vêem ao seu redor O que tem nos becos e vielas Na sujeira das ruas e cancelas Não sentem o gozo e nem a dor E nem o cheiro amoníaco que empestia por baixo dos viadutos O ar do dia num movimento urbano que contagia Salve-se se puder Se puder me enxergar quando passar seu olhar E mesmo se não conseguir Procure uma religião, um órgão ou instituição. Alguém que lhe diga aonde ir para não ficar por aqui