Fagner

Último Trem

Fagner


Ja chorei na estrada da vida
esquecido no último trem
procurando em estradas perdidas
os pedaços do meu querer bem

Gavião, caçador na cidade
meu olhar voou sem direção
procurando a estrela da tarde
sobre as pedras azuis do sertão

Só Deus e o diabo sabiam
Quantas léguas da terra pro céu
E a dor que o sol escondia
sob o meu chapéu
A vagar como ave sem ninho
no inverno eu te procurei
Muito além do céu dos passarinhos
Eu te procurei

Vi o sol, vi o mar, vi a relva
Vi a selva do nosso país
Via a lua na curva da serra
Vi a terra com o povo infeliz

É o azul que atrai minha terra
No deserto do teu coração
Sem o grito das ruas em guerra
Sem meninos com pedras na mão

Nesse instante, ó terra querida
Ainda estou procurando por ti
Essa felicidade é uma lenda
Que me faz partir
Pra quem sabe o lugar de onde venho
É tão claro onde quero chegar
No deserto desse novo mundo
Eu vou te encontrar

O irmão quer a felicidade
Que aparece na televisão
Para poucos toda essa paisagem
Para muitos, muito pouco chão

A paixão que enlouquece os meus dias
Adormece nos olhos de alguém
Amanhece na minha alegria
E anoitece no último trem

Como o rio que nasce na serra
E o mar no sertão
A estrada do amor quando erra
Doi no coração