Fagner

No Tempo Dos Quintais

Fagner


Era uma vez um tempo de pardais, de verde nos quintais 
Faz muito tempo atrás, quando ainda havia fadas 
No bonde havia um anjo pra guiar, outro pra dar lugar 
Pra quem chegar sentar, de duvidar, de admirar.

Havia frutos num pomar qualquer, de se tirar do pé 
No tempo em que os casais, podiam mais se namorar 
Nos lampiões de gás, sem os ladrões atrás 
Tempo em que o medo se chamou jamais.

Veio um marquês de uma terra já perdida 
E era uma vez se fez dono da vida 
Mandou buscar cem dúzias de avenidas 
Pra expulsar de vez as margaridas 
Por não ter filhos, talvez por nem gostar 
Ou talvez por mania de mandar.

Só sei que enquanto houver os corações 
Nem mesmo mil ladrões podem roubar canções 
E deixa estar que há de voltar 
O tempo dos pardais, do verde nos quintais 
Tempo em que o medo se chamou jamais.