Periferia das grandes cidades, palco das maldades; Refúgio pra quem chega de outros estados; Estão isolados do eixo Rio e São Paulo; Quem olha de fora acha que ganha dinheiro; Em qualquer lugar e á qualquer hora, não é bem assim; Olhe pra mim, são palavras que batem forte no seu coração; Principalmente se você se enquadra na questão; Dezembro de 81 aconteceu a invasão; Uma área vazia não tinha dono não, Está constituída mais uma favela; No ano seguinte apareceu o primeiro traficante, Era o Celsinho sempre helegante; Cordões de ouro, camisa de seda, uma beleza; Pra molecada era o anjo da guarda, era o espelho; E os quatros manos seguiam a isca, todos os seus conselhos; Foram crescendo e a coisa foi mudando; Primeiro fumando, segundo cheirando, terceiro injetando e quarto roubando; É difícil pra mim contar isto assim; Mas espero que sirva de exemplo pra quem está no caminho errado; Ainda é tempo de voltar para o outro lado. (2x) A história de quatro manos agora nós vamos contar; A história de quatro manos agora nós vamos contar; Quando criança só pensava em ser bandido. É domingão que maravilha; E a playboyzada rodando de carro no bairro vizinho; Curtindo altas minas, mas na favela a história é diferente; Não tem piscina, pelo contrário, tem um boteco á cada esquina; É o cenário ideal pra mais uma chacina; Dar um role na favela, pode crer, é diversão; Para os otários fardados cinzas que estavam de plantão; O camburão parou em frente ao bar; Essa é a hora em que o filho chora e a mãe não vê; Já foram logo enquadrando o Celsinho, é meu vizinho; Gritou um dos manos, aí fulano, cala a boca senão vai junto; Bem na ocasião, estava com o nariz em cima, não teve perdão; Foi chamado pra cima, na presença de crianças; Recém saídas do berço, o mais velho devia ter o que uns 13 anos; O tal Celsinho foi levado de quebrada não muito longe; Á uma quadra, ninguém saiu do bar e já ouviu os disparos; Por calibres pesados foi derrubado, o tal Celsinho já era; Naquele momento o juramento foi feito ali mesmo na porta do bar; E os quatro manos resolveram cobrar a bronca do finado; No chão esticado, tapa na cara, revólver na mão; Pode crer que a coisa vai complicar; Fulano que tiver de farda nenhum vai sobrar. (2x) A história de quatro manos agora nós vamos contar; A história de quatro manos agora nós vamos contar; Quando criança só pensavam em ser bandidos. Quatro mentes brilhantes pra nada interessantes; Roubar e matar se tornou uma constante; Trocar tiro com a polícia era coisa normal; Infelizmente pra muita gente é difícil entender; Mas tudo leva á crer que eu sou um pessimista de plantão; Já deu pra perceber que a nossa história não vai ter final feliz; Face da Morte e o rap é isso aí; Falar a verdade somente a verdade e nada mais que a verdade; No mundo do crime não, não, não existe piedade; Á essa altura nossa fama já correu á cidade; Por caridade e muita perícia; Ameaça viva á quem tiver com a farda da polícia; O camburão na favela já não entra mais; Os calibres pesados agora do outro lado; Metralhadora, armamento não falta, tem pra escolha; E o patrimônio se estendeu, cresceu; Será que isso tudo realmente valeu; Agora estamos curtindo, nos divertindo; E aquela vaga lembrança de alguns anos vividos; Fulano que matou Celsinho até hoje está rindo. (2x) A história de quatro manos agora nós vamos contar; A história de quatro manos agora nós vamos contar; Quando criança só pensavam em ser bandidos. Talvez você nunca ouviu dizer; Mas a polícia tem sua parte, tem seu dever; E nesse dia eles vieram buscar; Um vai na frente á paisana pra combinar, hora, lugar; A reunião está marcada numa quebrada; Marcada dá medo de olhar, dá medo até de lembrar; Quando a polícia chegou já estavam por lá; Um baseado cada um sossegado fumando tranqüilamente; Esperando quando de repente um tipo estranho na frente; Vem puxando o portão, então, vamos lá trocar uma idéia com esses ladrão; Se não der nosso dinheiro então vai ficar pequeno; O rosto era bem familiar não era desconhecido; Pode crer ó, é esse aí o fulano é o pedido; Agora eu quero ver quem é que vai morrer; Não me conhece fulano eu sou um dos quatro manos; Então, normal, só vim buscar meu dinheiro e tal, nada mais; Nada mais o caralho não se faça de otário; Não seja vacilão, bobeou, pá, pá vai pro chão; Se liga, se liga, viaja só um pouquinho se lembra do Celsinho; Aqui mesmo na favela ele foi derrubado e é você o autor do disparo; Agora então é que é a idéia de rocha, não há tiros nas costas; Sai andando, conto até 10, pode virar pra mim; Quem sacar primeiro mano, no outro põe um fim; Ele saiu andando e contou até quatro; Quando tentou virar pá, pá um abraço; Calibre doze no peito, um arregaço; Sobre esses quatro manos temos muito á contar; Face da Morte e a gente volta á falar