A mãe passou mal e não foi ao velório O pai ajudou a carregar o caixão da filha Mas precisou ser amparado e mal conseguia falar (Deus sabe o que faz, não percam a fé!) O corpo de Vitória foi encontrado ontem A sete quilômetros de onde Ela tinha sido vista pela última vez no dia oito Quando ela saiu de casa para brincar Os patins estavam ao lado do corpo Jogue as flores na vala, mais uma vez nós é notícia Desce o caixão, mais uma mãe enterrando sua cria Nós narra cansado o cotidiano violento Saca as peça, os radinho, é mais um dia sangrento Eu pergunto a Deus sobre paixão, misericórdia Ajoelhado clamando perdão, e sem resposta Não ouço a sua voz dominado pela revolta Coração cheio de ódio só vingança me conforta E lá vai eu e os parça cumprir o juramento Derramou o nosso sangue, nós vai pro arrebento Fazer a mãe do demônio chorar no seu enterro Assim como foi a do neguin' em meados de 'Janeiro Dia seis lembro bem, garoa fraca nóis de moto Eu de AK sentei o dedo, nem contei os corpos Carnificina, luto na cidade Se achando os foda assumimo' o tal massacre Foi ali a cena do louco, atitude e coragem Sem medo de ninguém, sem temer a maldade Metemos as cara na guerra, máscara de palhaço Enquadramo um banco, mais um prejú pro estado Tomamo o centro geral, dominamos a favela Fez contato na Colômbia, da Bolívia trouxe a erva Ali já era o rei do morro, Sonho De Menino O crime aos meus pés, o terror dos bandidos O crime aos meus pés, o terror dos bandidos Quanto vale a fama no crime, a vida de vaidade? Dinheiro não tem valor quando se está atrás das grades Lágrimas e flores, sem paz atrás do tesouro O preço da guerra é o sangue, pra ser o rei do morro Eu vi a fome dizimar centenas de inocentes Eu vi a nove salvar mais que a fé dos crentes A geladeira do vizinho brilhava até meu olho Tinha Iogurte, tinha doce e ele era o rei do morro Cresci vendo a miséria e o luxo dividir o espaço Qual era o preço da guerra, me pergunta que eu pago As ruas me ensinou na miúda nós chegar ao topo Mas o preço era sangue manchando o tabuleiro do jogo Me joguei no fronte, perdi a noção do perigo Matador de polícia, do estado inimigo Entre o amor e o ódio me via dividido De um lado a bíblia do outro adrenalina, e o risco Encomendei as peças, associei à facção Comandava da norte a sul, fechado com os irmãos Não tinha pros coisa, nós julgava os verme Subia o gás dos pilantra, estuprador era cheque Eu nunca gelei, veneno na veia, intoxicado Na atividade, destino traçado, palhaço tatuado Nos falante, Facção Central é o rap O mais procurado pela Rota em VF Invadiram a favela, traz o comando inteiro Trocando para não morrer minha coroa com medo Ela pulou na bala vendo o porco traiçoeiro Vindo pelas costas ela evitou meu enterro Vindo pelas costas, ela evitou meu enterro Quanto vale a fama no crime, a vida de vaidade? Dinheiro não tem valor, quando se esta atrás das grades Lágrimas e flores, sem paz atrás do tesouro O preço da guerra é o sangue pra ser o rei do morro Hoje eu me encontro trancafiado nos calabouços Não só físico, não só das grades físicas, mas da cadeia do ódio Da cadeia mental, espiritual, emocional E carrego a culpa de ter jogado minha mãe dentro de uma vala O crime é atrativo, é convidativo Ele te dá com uma mão e te toma com a outra Nunca pode esquecer que existe um preço a ser pago O preço quando você tá dentro de uma guerra O preço é sangue! Ninguém sai lucrando, a não ser o dono de funerária, parceiro Aqui é Facção Central, inimigo número um do estado Deus abençoe a caminhada Tamo junto, é nós