Corriam os anos trinta E o sertão preocupado Era um tempo marcado Pelo sangue e o fuzil Fome de quem resistiu Olhando para o futuro Na cacimba só o furo No meio daquele sol quente Peço aos camaleões que escutem essa gente Cinqüenta anos passados Promessas e romarias Pai nosso e Ave Maria Foi pouco nos pensamentos Mas é sempre nos momentos É perto das eleições Confundem os corações De maneira diferente Peço aos camaleões que escutem essa gente Um dia ficam pensando Se o sertão vai virar mar Difícil de acreditar Nesse pensamento louco Mas loucos acreditaram Nada daquilo ocorreu Não é possível que só eu É quem pense diferente Peço aos camaleões que escutem essa gente A prosa está comprida O tempo que temos é curto Ouvindo os absurdos E não ter como falar Mas tem que se pelejar Para conseguir espaço Fazer que nem fez Inácio E também ser persistente Peço aos camaleões que escutem essa gente Peço aos camaleões que escutem essa gente