Do outro lado do olho Há um certo vulto estranho Existe um moço com minha cara e tamanho E um poço sem fundo Parecido com meu desejo E eu sei beijo, eu sou fácil Eu transpareço E eu... e eu... eu Do outro lado do olho Tem um cisco incomodando Há um deus se desmanchando Segurando a placa da rua Há um grito ecoando No mistério de outra lua Eu, uma dor nua Eu, pele de lobo, eu me transformo E eu... e eu...eu Do outro lado do olho Há uma pira incandescente Tem um deus que mata a fome Bocas apontadas pra gente Tem mulher lavando a alma Numa água que não sente Eu, urgente, sorridente, me transformo E eu... e eu... eu