Fabio Soares

Tropeiros de mula

Fabio Soares


Bate o cincerro da égua madrinha, vai madrinheiro
Trezentas mulas, léguas e léguas pra percorrer
Mais meio dia tamo no passo do sem entreveiro
Que o vento é norte e este não nega que vai chover

Farinha e charque vão na canoa pra que não molhe
Mulada na água, uma arco de orelhas cruza o uruguai
Vamos domando pelo caminho algum que se escolhe
Pois mula manda vendo picado, vale bem mais

Pelos caminhos muitas cidades marcam passagem
Das grandes tropas que plantaram lumes nas serranias
Esses birivas deixam um legado: Raça e coragem
Tropeando sonhos, rumos pra aurora de um novo dia

"Falamos de herois que mataram e morreram por ideais
E nos esquecemos deles: Os birivas
Que mesmo sem derramar sangue nas batalhas
Foram de tamanha importância tropeando sonhos, rumos pra aurora dos nossos dias"

Foi certa feita numa arribada fiquei três dias
Atrás de uma mula, flor de matreira que foi-se a grota
Dos campos novos agarrou o rumo direito da casa
Achei pastando pelas barrancas do rio pelotas

Do tempo antigo ficou o rastro das comitivas
Mulada xucra que valia ouro lá nas gerais
Cruzaram serras, campos e matos, fundaram aldeias
Pousos tropeiros que hoje a história não lembra mais

Pelos caminhos muitas cidades marcam passagem
Das grandes tropas que plantaram lumes nas serranias
Esses birivas deixam um legado: Raça e coragem
Tropeando sonhos, rumos pra aurora de um novo dia