A tarde morna daquele agosto Trazia nuances igual verão Rebrotando as primaveras Que hibernavam no coração Em cochichos o vento norte Pedia um dedinho de prosa Aos galhos de pessegueiros Vestidos em cor-de-rosa O céu era um quadro pintado Que ainda teimo em lembrá-lo Naquele azul escamado Por lindos rabos-de-galo O Sol num tranco manso Fazia um mundo colorido E eu campeava uma estrela Que nem havia nascido Talvez só eu quisesse A luz daquela estrela Se até a alma dizia Que não carecia em tê-la O Sol beijou o horizonte E a reborda do meu chapéu Sem encontrar a estrela Fiquei cantando pro céu Era um céu ainda sem Lua Que meu olhar encontrou E eu encontrei dentro d’alma O que a retina negou Veio a noite soprou o Sol Levando a tarde embora Foram-se os rabos-de-galo Com meu canto a campo fora Ficou a estrela guacha Alumiando todo o varzedo Foi lerda, perdeu sua hora E meu canto veio mais cedo