O dia recém desponta e o café perfuma o Sol
Fumaceando em caracol na luz que adentra parelha
Riscando o assoalho lustro marcado de algum braseiro
Que no apertar inverneiro se apartou de sua centelha
E os bolinhos de coalhada com o café fazem par
Quentinhos como o raiar que doura todo o povoado
Ao leste se torna vivo em faces amareladas
Noutro lado inda sombreadas num jeito quase apagado
Que desperte mais um dia
Pro meu viver sonhador
E entre aromas caseiros
Que se renove o vigor
Pra somar dias na história
Do meu fazer cantador
Sempre cheiro de carinhos
Da mãezinha, meu amor
Inda antes teve o mate, o galo recém cantava
E na janela eu bombeava passarada revoando
Entre louros e pinheiros numa densa cantoria
A compor a sinfonia pro dia ir se acordando
Mate com pé de moleque pra quebrar o seu amargo
Chia cambona a lo largo, rompe o quieto da cozinha
Água quente pro café massa pronta pros bolinhos
Um castelo de carinhos minha mãe linda rainha
