Fabião das queimadas Que fizeram contigo? Te amarram no tronco Chicote no lombo Lanharam teu rosto Sujaram teu nome Flecharam tu’alma Vieram com tudo Até tu chorar Fabião das queimadas Um guerreiro valente Um homem da gente Poeta proseiro Menino ligeiro Matuto brejeiro Moleque danado Que toca rabeca pra gente cantar Quando pega a rabeca A mata se aquieta O vento assossega Imbu sai da moita E a moça bonita Levanta da mesa E começa a rodar Pega essa faca Corta essa corda Sai desse tronco Passa a rasteira Sai na porrada Pega a rabeca Pula essa cerca Vai pela mata Não se entrega Não esqueça a rabeca Que ela te guia Tua poesia Teu canto, teu pranto Todo teu encanto Tu leva contigo Pra outro lugar Quando pega a rabeca A mata se aquieta O vento assossega Imbu sai da moita E a moça bonita Levanta da mesa E começa a rodar Fabião das queimadas Que fizeram contigo? Te amarram no tronco Chicote no lombo Lanharam teu rosto Sujaram teu nome Flecharam tu’alma Vieram com tudo Te deixaram escapar Fabião das queimadas Um guerreiro valente Um homem da gente Poeta proseiro Menino ligeiro Matuto brejeiro Escravo fugido Que toca rabeca e sabe cantar Quando pega a rabeca A mata se aquieta O vento assossega Imbu sai da moita E a moça bonita Levanta da mesa E começa a rodar Vai pela mata Vai pelo campo Vai pela praia Vai pelo engenho Não se entregue Nunca desista Não esmoreça Nunca se esqueça Não desespere Vai pela relva Não esqueça a rabeca Que ela te guia Tua poesia Teu canto, teu pranto Todo teu encanto Tu leva contigo Pra outro lugar Quando pega a rabeca A mata se aquieta O vento assossega Imbu sai da moita E a moça bonita Levanta da mesa E começa a rodar Fabião das queimadas Eu não sou seu parente Mas também passei fome Também sou proseiro Eu toco viola Fugi da escola Lutei muita luta Também sou guerreiro Eu sou potiguar Quando eu pego a viola A mata se aquieta O vento assossega A lua desperta E a moça bonita Que tem olhos verdes Quer logo casar Fabião das queimadas Se eu voltasse no tempo Encontrava contigo Fazia uma dupla De dois brasileiros Meninos proseiros Um toca viola o outro rabeca Pra lua brilhar E a cidade parava O mar se acalmava O povo cantava O céu clareava E até cotovia Parava seu canto Pra nos escutar Fabião das queimadas Meu parceiro no tempo Escravo liberto Poeta esperto Matuto brejeiro Um bom brasileiro Que tem o meu nome Me manda um poema Pra eu prosear