Fábio de Oliveira

Sonho de Lavrador

Fábio de Oliveira


Arando a terra gritando com os bois
Na roça nova desviando dos tocos
Costeando o mato na beira de um rio
No coice do arado, sou meio louco
Meus bois de canga valem mais de mil
Junta de perfil que na força se agranda
Calando o arado na verga do eito
Faz ranger no peito canzilha a canga

Lavra, lavra, lavrador
Lavra o teu próprio suor
Lavra a alma da saudade
Lavrando sonhos de amor

As leivas brutas que vão virando
A despacito o arado vai cortando
O cambão ringe hermanando a junta
Com bois de fé sigo trabalhando
Lembro da China que partiu
Foi pra vila da cidade
E na solidão do campo
Vou rimando este meu canto
Nesta verga da saudade

Lavra, lavra, lavrador
Lavra o teu próprio suor
Lavra a alma da saudade
Lavrando sonhos de amor