Essa é mais uma que foi escrita às 3 da madrugada Quando a consciência grita e a vaidade tá calada Na calada quando o silêncio é seu confidente E por mais que você tente convencer a mente, o coração não mente E fala, o que o ego cala, o que você tentou jogar na vala do seu peito Não tem jeito uma hora resvala e te acerta Tem um fantasma na sua sala e você deixou a porta aberta Quando cantei o que o sistema quis meu coração gritou Quando gritei o que eu precisava o coração cantou Entende? É diferente É quando para de pensar na rima foda pra falar o que sente E quando falo é pra eu ouvir, cada conselho É como se eu falasse me olhando no espelho É como se eu precisasse repetir o que me falta Toda vez que canto, sou eu pensando em voz alta Se alguém quiser me ouvir eu agradeço Mas escrevi pra falar comigo, senão eu enlouqueço Fácil surtar num mundo onde tudo tem preço Mas o que me faz viver não é o que eu tenho é o que eu careço Dinheiro é bom eu sei com money eu como Mas se tudo for por money eu vou parar no manicômio Mano, eu sonho, e o que eu tenho de melhor é o que não se compra Cê não me vê porque eu tô no futuro, me encontra E quando eu morrer espere que eu ressuscite Na tinta de algum grafite, numa rima em cima do beat Numa folha sulfite Meu fantasma vai tá sempre lá, quem quiser que me visite Eu te avisei eu te avisei eu tô aí do seu lado sente? Tipo um fantasma, por isso eu tenho que ser transparente Eu te avisei eu te avisei não se assuste quando eu aparecer na sua frente Tipo um fantasma, por isso eu tenho que ser transparente O poder da escrita que me habita Não é dom, é uma dor que o poeta necessita É como uma estrela que já morreu Quando chegar a ti talvez eu seja breu, talvez não seja eu Talvez dentro de mim haja outros eus Será que é Dois? Será que é Deus? No fim da página de quem é a rubrica? Duvido mais da certezas do que da dúvida Me sinto como uma flauta oca que o sopro do além transforma em música Não sou escritor, penso assim Não escrevo nada, só copio o que já tava escrito em mim E o que já tava escrito em mim quem que escreveu? Será que esse sonho é mesmo meu? Quem sonha por Morfeu? Deus que inventou a gente ou a gente que inventou Deus? Mas se ele fez mesmo a gente será que se arrependeu? Jogo pro universo esperando alguém me responder Como uma mensagem na garrafa Como quem psicografa Mas tenho a impressão no final de cada verso é outra mão que autografa! Quando eu morrer não quero epitáfio ou mausoléu Nem pedirei ao céu que reencarne Minha carne e epiderme será comida de verme Só em poema poderá ver-me Mensageiro tipo Hermes, cês pensam que eu só tô cantando rap tô conversando com o outro mundo igual Allan Kardeck Sentado na escrivaninha essa letra não é minha É só fechar o olho que a mão começa a mexer sozinha