Fabio Brazza

Meu Fantasma

Fabio Brazza


Essa é mais uma que foi escrita às 3 da madrugada
Quando a consciência grita e a vaidade tá calada
Na calada quando o silêncio é seu confidente
E por mais que você tente convencer a mente, o coração não mente
E fala, o que o ego cala, o que você tentou jogar na vala do seu peito
Não tem jeito uma hora resvala e te acerta
Tem um fantasma na sua sala e você deixou a porta aberta
Quando cantei o que o sistema quis meu coração gritou
Quando gritei o que eu precisava o coração cantou
Entende? É diferente
É quando para de pensar na rima foda pra falar o que sente
E quando falo é pra eu ouvir, cada conselho
É como se eu falasse me olhando no espelho
É como se eu precisasse repetir o que me falta
Toda vez que canto, sou eu pensando em voz alta
Se alguém quiser me ouvir eu agradeço
Mas escrevi pra falar comigo, senão eu enlouqueço
Fácil surtar num mundo onde tudo tem preço
Mas o que me faz viver não é o que eu tenho é o que eu careço
Dinheiro é bom eu sei com money eu como
Mas se tudo for por money eu vou parar no manicômio
Mano, eu sonho, e o que eu tenho de melhor é o que não se compra
Cê não me vê porque eu tô no futuro, me encontra
E quando eu morrer espere que eu ressuscite
Na tinta de algum grafite, numa rima em cima do beat
Numa folha sulfite
Meu fantasma vai tá sempre lá, quem quiser que me visite

Eu te avisei eu te avisei eu tô aí do seu lado sente?
Tipo um fantasma, por isso eu tenho que ser transparente
Eu te avisei eu te avisei não se assuste quando eu aparecer na sua frente
Tipo um fantasma, por isso eu tenho que ser transparente

O poder da escrita que me habita
Não é dom, é uma dor que o poeta necessita
É como uma estrela que já morreu
Quando chegar a ti talvez eu seja breu, talvez não seja eu
Talvez dentro de mim haja outros eus
Será que é Dois? Será que é Deus?
No fim da página de quem é a rubrica?
Duvido mais da certezas do que da dúvida
Me sinto como uma flauta oca que o sopro do além transforma em música
Não sou escritor, penso assim
Não escrevo nada, só copio o que já tava escrito em mim
E o que já tava escrito em mim quem que escreveu?
Será que esse sonho é mesmo meu? Quem sonha por Morfeu?
Deus que inventou a gente ou a gente que inventou Deus?
Mas se ele fez mesmo a gente será que se arrependeu?
Jogo pro universo esperando alguém me responder
Como uma mensagem na garrafa
Como quem psicografa
Mas tenho a impressão no final de cada verso é outra mão que autografa!
Quando eu morrer não quero epitáfio ou mausoléu
Nem pedirei ao céu que reencarne
Minha carne e epiderme será comida de verme
Só em poema poderá ver-me
Mensageiro tipo Hermes, cês pensam que eu só tô cantando rap
tô conversando com o outro mundo igual Allan Kardeck
Sentado na escrivaninha essa letra não é minha
É só fechar o olho que a mão começa a mexer sozinha