Trocava orelha meu zaino Quando ganhei a canhada O silêncio se atorava Pelo sonido da espora Parece que a pampa chora Velando o baio estirado E sobre as cruz do cavalo Da ronda encurtava as horas O vento embala a crinera Como a brindar um galope E a flauta dos pajonais Tocam o cortejo da morte O Sol imita uma hóstia Sobre o altar da canhada Toldo y viúvas pelas cercas Silentes e enfileiradas Se foi o baio kilero Fazer sua última viagem Arroz, fumo y quanto traste Carregou, varando noites Sem montura, nem açoites Sem suas bolsas penduradas Se foi o baio kileiro Cruzar a última picada! O pelo espera o sereno Irmão de tantas jornadas E as japecangas enredadas Foram encolhendo os espinhos O tecelão que fez ninho Usando a crina do baio Hoje falhou no trabaio Tá manso, quieto e sozinho Se foi o baio kilero Despacio, num passo manso Cruzou a milicada ao tranco Que sempre andavam ligeiro Não tem mais peso e arreios Nem o olhar da milicada Solito, junto a picada Se foi, se foi o baio kilero!