Sarandeia a manga d’água lá na barra do horizonte murmuram vozes de nuvens contra o meu poncho “Ideal”, os “sete fio” do alambrado choram chuva, luz e prata e um quero-quero se achata na crista do macegal. O meu tordilho vinagre com barro pelo machinho embala um tranco de rede no esteio das quatro patas. Flexilhas recém pendoadas mirando a aspa pra o céu vão toreando a lo léu, o vento que se desata... O corpo mal obedece às coisas do pensamento que vem curtindo saudades num preparado de canha, pois quem deixou sentimentos escorados num balcão conhece bem o tirão quando uma linda nos ganha! Troca orelha, meu cavalo no mata-burro da estância estreleia e pede boca, é um gato no porteirão... E enquanto a tarde adelgaça, um tajã rompe a quietude abrindo o bico no açude do seu posto no taipão. Cruzando a várzea da frente o meu mundo se apresenta - um tatu campeia a toca fazendo trilho na grama, um turuno cumpre a sina de retoçar por pachola e um charola mostra as armas coçando a testa na trama. Por vezes eu me emborracho nalgum bolicho no povo por outras estendo a alma além donde a vista alcança, - que pra os recuerdos da prenda quero um gargalo e mais nada, e pra os amargos da estrada minhas visagens da pampa.