Pra sentir cheiro de terra Não carece ter chovido Pois ele mora na gente Ponteando qualquer sentido Surge num gole do amargo Palmeado em cuia morena E está num rádio de pilha Tocando uma marca buena Quando a guitarra ressoa Numa garganta campeira O perfume da querência Isalando da madeira Onde desponta o pealo Na nuvem de polvadeira Que esconde pulso e argola No santo chão da mangueira Um cheiro igual ao da terra Ciência nenhuma inventa É essência de tanta coisa Que vem da alma pras ventas Há sempre um campo brotando No solo fértil da mente É o preço que a gente paga Se o sul é o pago da gente Aromas que o campo cria E o mundo quase não nota Vertem do viço dos pingos Pra o couro morto das botas Depois se mesclam aos outros Que só a cuscada percebe A égua que esconde o toso E o sono de alguma lebre Quando o choro da largada Vai sufocando na poeira Só restam marcas do trilho Testemunhando a carreira Por isso qualquer vivente Por mais urbano que seja Na hora em que a vida acaba Cheiro de terra fareja Um cheiro igual o da terra Ciência nenhuma inventa É essência de tanta coisa Que vem da alma pras ventas Há sempre um campo brotando No solo fértil da mente É o preço que a gente paga Se o sul é o pago da gente