Antes o canto ao pranto E o tonto do tanto espanto Em ter-te amante de um triste par Sente ser gente descrente Mente: crê ser a semente Que a gente planta pra germinar E colher tantas flores Belas, azuis, amarelas Telas que sabem ser dela As cores que pinto pra me afagar Sente ser gente inocente Mente, pois canta a serpente Que a gente encanta pra viver em paz Pra não chorar mais Eu já não sou assim Tão incapaz de reprimir todo o rancor Que o vento traz Fecha a janela enfim Pra nunca mais me deixar entrar Essa rima banal que tanto mal faz pra mim "Mora na filosofia: pra quê rimar amor e dor?" Conflitos São tantos rostos felizes, sorrisos largos, mentiras Palavras doces confortando a vaidade da dor E o aconchego do frio de uma madrugada carente E o pensamento demente que tal lembrança gerou Mas se o abraço não fere, pelo contrário, alivia Então responde: por que longe se encontra do meu pranto? Estão rasgados bilhetes, cartões-de-natal, recados Todos os porta-retratos despedaçados nos cantos Por que chove aqui dentro se lá fora é verão? E onde estão tuas mãos quando me torno um tormento? Antes fugir do momento a dar-se de coração? Antes o canto ao pranto. Antes um sim a um não