Vivo em função de relógios; Vivo em função das esperas Nas filas dos sonhos, dos INSS; Vivo em função das batidas Que tiquetaqueiam pelos corações Trago comigo profundas, imundas vontades De ter as mulheres que passam sedentas, silentes, a se disfarçar; Trago comigo os brados calados, contidos - Feridas abertas sem saber sangrar Sou conselheiro das moças; Sou amigo das massas; Sou a palavra o abraço o aperto de mão; Sou um local de repouso; Sou uma missa uma messe; Mas eu não sou, simplesmente eu não sou O conforto de mim.