Sou da noite um filho noite Trago ruas nos meus dedos De guardarem os segredos Nas altas pontes do amor E canto porque é preciso Raiar a dor que me impele E gravar na minha pele As fontes da minha dor. Noite, Companheira dos meus gritos, Rio de sonhos aflitos Das aves que abandonei! Noite, Céu dos meus casos perdidos, Vêm de longe os sentidos Nas canções que eu entreguei. Ó minha mãe de arvoredos Que penteias a saudade Com que vi a humanidade A minha voz a soluçar, Dei-te um corpo de segredo Onde arrisquei a minha mágoa E onde bebi essa água Que se prendia no ar.