Se a vida parece de tinta Estampada em papel canson Borrada e desfigurada Aquarela desmanchando cor Repare que mesmo no seco Na secura do sertão Há cactos nos telhados Das casas de barro E palmas no chão Vida de teimosia É planta que vinga É chuva que pinga É mar que revira É ventre de mãe Repleto e pleno Ventre que abriga O meu cantar E se a vida desbota Morta no agora Olha pro céu Lá feito um papel E vê poesia A cor que recria O norte da vida Pra cantar