Estado de Sítio

Rasteira (Usina)

Estado de Sítio


Era como se fosse trovão
Sirene que castiga o acordar
Cresce a fábrica
Na unha dos homens
Nos joelhos e cáries
No silêncio de meu pai

Mas cantar ainda era liberdade
Cio de cerca
Deitaram a foice
O coração de sucata
E a esperança suada

Que dança no ar

Mas quando o samba sai, sai
Dá rasteira na tristeza
Quando a vara semeia ela esquece da dor
Enquanto vê graça na poeira

Era a lama do lugar
A seiva dos homens canaviais
Com suas lâminas
De sóis decepados
De pai nosso esquecido
No açúcar a escravizar

Mas cantar inda era esquecer
Da vida de palha
A língua magrela
De febre esparrela
E a esperança mofada

Que dança no ar

Mas quando o samba sai, sai
Rasteira é capoeira
Quando a vara semeia ela esquece da dor
Enquanto vê graça na poeira