De volta pra minha terra, bateu forte o coração De saudade de mamãe, de papai e dos irmãos Da viola que eu ponteava, nas festas lá da região Papai me acompanhava, com nosso velho violão E ao chegar no terreiro, bateu-me um desespero, quase chorei de emoção Bati palma no terreiro, pensando vem me atender A mamãe ou o papai, que surpresa eles vão ter Mas a surpresa foi minha, quando vi alguém correr Um menino bem franzino, olhar de longe e dizer Vovó é um senhor grisalho, todo molhado de orvalho, o que devemos fazer Senti naquelas palavras, minha mente despertar Durante minhas andanças, não vi o tempo passar Vi uma senhora velhinha, passo lento aproximar O que o senhor deseja, quando foi me perguntar Olhou e reconheceu, viu que era o filho seu, abraçou-me a chorar Longo abraço e um beijo, naquele rosto cansado Perguntei pelo papai, e com olhar marejado Respondeu-me faleceu, há alguns anos passados E deixou dentro da viola, alguns versos rabiscados Que escrevia com tristeza, cabisbaixo sobre a mesa, por você não ter voltado Corri pegar a viola, os papéis eu retirei Eram letras bem rimadas, que ali eu encontrei Como carta escrevia, lendo elas eu chorei Seu sentimento poético, na viola musiquei Para um dia ser sucesso, os pensamentos e versos, que dentro da viola achei Quem parte e deixa seus pais, vai em busca de aventura Nem sempre ele encontra, tudo aquilo que procura Fiz isso quando era moço, hoje sei que foi loucura Quando voltei o meu pai, já estava na sepultura Mas deixou vários poemas, neles eu coloquei temas, melodia e partituras