Erasmo Carlos

A História da Morena Nua Que Abalou As Estruturas do Esplendor do Carnaval

Erasmo Carlos


Se desfez dos adereços e se vestiu de nua
Se banhou em purpurina ainda na concentração
Padecer no anonimato despertou os seus desejos
E lotada de alegria se entregou a multidão

Não sabia o samba enredo mas sorrir sabia até de cor
Uma flor recém formada, atrevida, linda e sensual
Sob o olhar dos refletores, sempre doce imaginava
Um imenso baile funk só que era carnaval

Quanto mais a morena funkiava
A galera incandescida queria mais, pedia mais
A morena enlouqueceu a bateria
E a cadência foi ficando para trás

Tamborins em desencontro enquanto o surdo atravessava
Foi-se os pontos da escola no quesito de harmonia
A coisa até o mestre-sala e a comissão de frente
Se renderam aos pobres passos que a morena introduzia

Momentaneamente cega pelos flashs da ilusão
Mais um corpo de passista para a fama debutou
Nem pensou quando falava numa rede de TV
Que foi por causa dela que a escola não ganhou

Quanto mais a morena funkiava
A galera incandescida queria mais, pedia mais
A morena enlouqueceu a bateria
E a cadência foi ficando para trás