Quilombos, escombros, a sombra, que ainda paira sobre nós Sem ter quem nos olhe, a rua a frente, o teto e os lençóis Milhões de anos passando, ainda é pouca nossa lucidez Meus olhos não veem, não veem, mas o peito quer sentir Que este seja como um parto social E de certa forma cure as nossas feridas Fechando lacunas que impedem o avanço Os barcos vão do cais em meio ao caos Nossos laços são maiores do que demonstram Cavalo alado rumo a esperança Aonde adormece o sol da nova terra Aonde adormece o sol da nova terra O canto angola do meu coração, a arte que não faz distinção Ainda é preciso dizer e dizer, ser negro ou branco não importa mais Se o sexo ainda é razão de violência, há ainda muito a dizer Sobre o amor, sobre o amor Oh santa chuva liberdade, caia agora sobre nós E lave toda dor, toda dor E leve toda dor, toda dor E lave toda dor E lave, leve, leve Eu tenho muito amor, dentro de um sorriso só Eu tenho minha paz, dentro de um sorriso só Eu tenho muita luz, dentro de um sorriso só Universo meu, dentro de um sorriso só Distante do breu, pois vamos com Deus E não há o que temer, portanto avance Alcance o céu, as estrelas, acredite enfim Que pela manhã um novo sol nascerá