Na minha rua, no 59, eu vivia alegre sem pensar na vida. E o meu vizinho de 57 debruçou no muro e me chamou querida; me deu um galho de uma trepadeira, um craveiro e uma roseira pra plantar no meu jardim depois, pegando minha mão nervosa, encostou no coração e jurou gostar de mim. E a trepadeira que eu plantei cresceu tomou conta da varanda carregando-se de flor e eu também que não pensava em nada só lembrando o meu vizinho carreguei de amor. Mas veio um dia pro 55 uma jovem linda, um abismo em flor e o meu vizinho do do 57 foi falar com ela e jurou-lhe amor. Deu-lhe também um galho da roseira e da mesma trepadeira pra plantar no seu jardim. E eu, chorando do 59, compreendi que meu vizinho não gostava mais de mim. E a trepadeira que eu plantei murchou, morreu desiludida na ilusão de quem promete e eu também senti morrer no peito o amor do meu vizinho do 57.