Qualquer pobre andarilho sabe o sacrifício que eu fiz Pra me livrar da solidão Distribuí amor no baixo meretrício A preço de ocasião Sorri quando um praça pagou meu almoço Dancei com o filho coxo da dona da pensão Tirei o meu vestido a troco de banana Seios em liquidação Domingo eu me pintei e dei de graça o meu sorriso Perdi o meu juízo, rodei de mão em mão Ninguém se comoveu com meu doce suplício E eu fui dormir no colo da ilusão Agora eu já nem sei se sou mulher ou água-viva Meus olhos guardam conchas e corais (o meu sussurro em gíria de marujo é maresia…) Serei a que vagueia O seu noturno olhar de maré cheia Nas pedras pisadas do cais