Cantei um samba totalmente diferente do que estava acostumado Um trava-língua sincopado de malandro meramente ensaboado A rima rica era tão rica que ouro só ficou na melodia, e na harmonia Valorizou foi premiado e batizado como uma filosofia, na teoria Inspiração, transpiração, minha missão é transmitir malemolência Todo gingado brasileiro meu terreiro vem da sabia sapiência Vou miudinho com os pés no chão Marco na palma sem contravenção Chora cuíca e meu cavaco afinado com pandeiro e violão Trago em meu canto a divisão daqueles bambas que escuto na vitrola Ciro Monteiro, Padeirinho e Miltinho foram bases dessa escola João Nogueira, Luiz Grande e Germano seguiram nessa vertente, remanescentes De um estilo quase extinto já não visto mais assim tão facilmente, infelizmente Eu também tenho que citar um bom malandro lá do Morro da Mangueira Compositor que tinha o nome de Geraldo, o sobrenome era Pereira Deram pro samba uma nova roupagem Sofisticaram sem sofisticar E com talento e inteligência eles fizeram nosso samba sincopar E sincopando o sincopado lembro Clito e também Jorge Teté Silvério Pontes e Zé da Velha, no trombone, até me sinto um Fred Aistaire Vê se entende, ô ‘my friend’, ô ‘my brother’, Nos tempos da brilhantina, a minha sina Eu já curtia a Orquestra Tabajara no baile da Estudantina, com a Severina E arrepio quando dou meu corrupio e rodopio no salão No puladinho, num floreio, quando abro o espaguete e no peão. Faço bonito lá na Gafieira Deixo saudades por todo salão A malandragem é que não gosta, pois comigo levo sempre um coração