O sertanejo no tempo padece Às ordens de cima, ele obedece E acha que deus as vezes se esquece Que a lágrima pra cair, de água carece Se o lamento só a si coubesse, Se ao menos uma gota houvesse... Mas o azul a nuvem embranquece E somente nunca encinzesse O destino só o sol em sépia clarece E o desejo sertanejo corta cerce Sua virtude o horizonte aborrece E na insônia seu sono perece Esperava que do céu a chuva viesse... Um canto triste seu pesar enaltece A semente rompe a terra e não floresce O clamor não ajudou a messe Com o flagelo seu corpo esmorece A carne a fome enfraquece A alma ressecada, apodrece A tristeza antes de matar, envelhece Nestes nortes ninguém convalesce O olhar seco, deveras falece A parentela conformada se entristece É a hora, que cavar alguém comece A trincheira do tatu na terra cresce Para bem, antes que ao céu regresse Para são miguel a última prece Em nome de deus, mais um corpo desce.