Elza Soares

Olindina

Elza Soares


Ossi menino Valentino
Diga lá oxé
Me conte se esse forró é redondo da peste
Á pois num é, o forró é redondo que é pra fazer a cabeça
Mais de é como é formado esse tal de forró homem de Deus?
Oxente, é formado com duas banda
E que se faz com duas banda?
Enquanto uma banda dança a outra banda pensa
Hum!

A lavandeira atrás da casa de farinha
Pensando que lá já tinha, buscamos que debuba
Da nosso jogo da usina Baburra
Deus é grande, mundo é largo me castigue
Olindina

Diga lá si menino eu quero saber tudo
Baburra da saudade
Baburra me deixa todo baburrado
Eita pois, me diga tudo
Oxé Elza, é que eu tenho um pouco
De vergonha de dizer as coisas
A é

Relampejou e estourou o bagulho
Não passava nem agulha e quem devia passou passou mal
A chuva veio para molhar nossas palavras
E afogou o que não prestava e fez buraco no quintal
Olindina

Vá dizendo tudo si menino Valentino homem de Deus
É que quando a chuva vem na enxurrada
Faz buraco, só num entra quem num cabe
É muito triste menino
É, é buracão mesmo
Arretado

Doutor Zezinho da usina Mandaú
Pinta a o cabo de azul no sistema da união
Estava na estação quando o Julião chegou
E foi aí que começou a cobrança do patrão
Olindina

Ossi menino, você conheceu a Olindina?
Olindina eu conheci
Mas Olindina é uma menina arretada mesmo né

Arretada da gota serena
Arretada do zoião grande
Vixe
Cabelo da cor da noite e perna arroxada

Eu vou deixando a minha rima rimada
Ficando na embola vou batendo o meu cansar
Se eu canto as coisa da minha sabedoria
Que no sobe raia o dia e as estrelas vão sobrar
Olindina

A natureza é bonita Elza
É muito bonita
É cheia de estrelas
Só quem não olha é quem não vê
Tá tudo ai, cheio de estrela
O céu tá lindo, é só olhar
Agora a gente anda de cabeça baixa né

Mas esse forró num leva assim
Muita alegria pro sertão, lá pro nordeste não, menino?
O forró leva
Mas o forró leva alegria mas num leva carne'

Uai mas menino e depois assim um pouco redondo
Da gota serena
É isso ai, é o povo, é o forró