Quando um vento leve varre o chão lá fora Vejo a tarde ir-se embora e o véu da dor me vem Finjo que essa dor não arde, rio com desde, Fantasio, crio estrelas que o céu não tem Junto os meus pedaços num anel de prata Como pérolas que um fio ata num colar Nelas teu semblante ri pra quase eu te tocar Mas no mesmo instante se dilui no ar E lá vou eu vou pros braços do mar Nas ondas que erguem sua fúria brava Refém sei que sou dos olhares que tens Me levas quando vens Se o temor que há no destino sempre cega Sei que as trevas em que esbarro vão todas em mim Qualquer chão de barro teu sem direção ou fim Longe n'algum ponto meu pertence a mim, sou eu Tenho páginas que em meus versos te escrevo Todo o medo de ires longe e eu me perder de ti Delas fiz um livro negro, as letras cor de giz Onde ainda nenhuma palavra eu fiz E lá vou eu vou pros braços do mar...