Ellen Mendonça

Chico Doido

Ellen Mendonça


Olha lá Chico Doido largou do serviço
E nem olhou pra trás
Se fiou numa idéia que lhe sufocava
Quem diria, o bom moço,  pôs a mão no bolso
Não quis nem saber
E num transe maluco sumiu pela estrada

Não quer mais suor, mais suor
E reclamando se afastou de tudo pra ficar tão só!

[Refrão]

Lá vai, lá vai
Num caminho doido       vai
Lá vai, lá vai
Chico Doido agora      vai
Não vai, não vai
Considera o rumo e não vai
Não vai, não vai

Chico Doido tropeça na pedra
Não sente, nem olha pro chão
Outra dor, outra fé: nada mais importava
Quem diria, o bom moço, sem nenhum esforço
Perdeu a razão
Vai saber em qual poço bebeu dessa água

Chico Doido permanentemente novo
Desatou um nó, mais um nó
E sem amarras se afastou de tudo pra ficar tão só!

[Refrão]

Lá vai, lá vai
Sem nenhum esforço      vai
Lá vai, lá vai

Chico Doido agora       vai
Não vai, não vai
Considera a força e não vai
Não vai, não vai

Chico Doido é o motivo dos risos
Da gente daquele lugar
Nem amigo ou vizinho, ninguém perdoava
Quem diria, o bom moço, virou do avesso
Não quer mais voltar
E da vida de Chico era o que se falava

Chico Doido permanentemente vivo
Não ficou melhor, nem pior
E friamente a vida nova de repente lhe deixou tão só!

[Refrão]

Lá vai, lá vai
Vai vivendo agora          vai
Lá vai, lá vai
Chico Doido agora        vai
Não vai, não vai
Considera a vida e não vai
Não vai, não vai

Chico Doido apressado passou pelo povo
Sem nem mais querer
Se deixou apanhar até de madrugada
Quem diria, o bom moço, cansado do mundo
Não quer mais sofrer
E do alto da ponte o vento lhe abraçava

Chico Doido permanentemente bobo
Desatou um nó, mais um nó
Chico Doido permanentemente novo
Não ficou melhor, não ficou melhor
Chico Doido permanentemente vivo
Apertou o nó, outro nó
E agora Chico Doido quase morto
Vai voltar ao pó. Tão só!

[Refrão]

Lá vai, lá vai
Vai morrendo agora       vai
Lá vai, lá vai
Chico Doido agora          vai
Não vai, não vai
Considera o mundo e não vai
Não vai, não vai...