Cai o fogo do céu Vai chover no Sertão Uma estrela se abriu de manhã Como a flor que sai do ventre do teu chão. Tempo escuro e cruel Faz a tua estação Faz o seco virar mar bravio Que o cacto vira barco ou navio. Quebra o vento que vem Muda de direção Troca o verde do mar pelo adeus Que é da cor do cinza-azul que escureceu. O velho ateu ajoelhou E implorou seu perdão Rezou a noite inteira, adormeceu pra pedir milagre a um Deus que já morreu. A fome morreu de sede. (4 x ) Eu nasci do barro e vou voltar pro barro outra vez. Quando a lamparina se apagar vou enxergar você. Mas minha fome já cavou seu lar, está sem água pra beber. Se o céu não quiser mais chorar, de sede eu vou morrer. Morrer de sede eu vou.