Eu vejo aquele rio a deslizar O tempo a atravessar meu vilarejo E às vezes largo O afazer Me pego em sonho A navegar Com o nome Paciência Vai a minha embarcação Pendulando como o tempo E tendo igual destinação Pra quem anda na barcaça Tudo, tudo passa Só o tempo não Passam paisagens furta-cor Passa e repassa o mesmo cais Num mesmo instante eu vejo a flor Que desabrocha e se desfaz Essa é a tua música É tua respiração Mas eu tenho só teu lenço Em minha mão Olhando meu navio O impaciente capataz Grita da ribanceira Que navega pra trás No convés, eu vou sombrio Cabeleira de rapaz Pela água do rio Que é sem fim E é nunca mais