O mercado é como a guerra, só os mais sábios vão além O ocidente enfim desperta e flerta com a filosofia zen Foi um gerente iluminado pela semente da inovação Calculou que o espírito elevado dinamiza a produção Jornadas de 14 horas ao som de mantras do tibet Assim a raiva se controla, então o império segue em pé Após o expediente, convoca-se a meditação No pleno equilíbrio da mente a gente sente gratidão Caminhando sobre as brasas dos cadáveres no chão Sinta a mente esvaziada, toda dor é uma ilusão Levitando junto aos fluxos das ações em ascensão O desapego purifica a aura da especulação Meditando atrás de bem-estar, enquanto financia a dor Hoje eu canto pra acabar com toda paz interior O executivo quer ser zen, o monge ensina como faz Mente concentrada, renda concentrada Da grana emana a pura paz Um honorável self-made man, busca elevação mental Maravilhoso é o seu know-how, mantra que o lucro atrai Mas todo império um dia cai Lideranças empresariais, seguem a lição dos samurais Autoajuda vem dos manuais, chuva de clichês orientais Misturando artes marciais com os ideais neoliberais Para aniquilar os seus rivais no mercado de capitais Nada é por acaso, não existem coincidências Algo em outro plano une as nossas consciências A cada passo, a cada gesto, em todo paradeiro Age uma força maior Dinheiro! Tô ligada neles, tô atenta e já notei que na verdade eles tão simulando Te chamam colaborador pra omitir que na real eles tão te explorando Pessoas elevadas aumentaram o lucro e aumentaram a concentração Dieta natural, evita comer carne só que bebe o sangue dos irmão Executivo zen do bem que desapega de tudo que é material Compra roupa cara e fala da empregada se a camisa ela lava mal Comida processada, câncer enlatado, comprei carne sabor papelão O magnata da indústria vende lixo comestível pra população Esse é o segredo do cash Kakashi, fala baixo porque eles estão meditando Luxo made in bangladesh Bem oriental, um fake ao estilo branco Yoga na moda da elite O opressor busca equilíbrio e bem tranquilo Explora, controla, oprime, violenta o povo do haiti Ritual ocidental de apropriação da cultura Larga a bomba em nagasaki, depois faz acupuntura Essa culpa não tem cura nem nunca haverá perdão Chegaram os ratos pra roer com o feng shui da mansão Porque nos túneis debaixo do chão chora a lembrança Sobre a chuva de napalm na pele de uma criança Pra essa culpa não tem cura, nem nunca haverá perdão Segura que agora é hora da tua purificação Já não vai dormir em paz, o honorável self-made man A insônia lhe corrói, a babilônia rói É que a cerimônia tá pra começar! O executivo quer ser zen, o monge ensina como faz Pega querosene, não corre nem treme Taca fogo nessa falsa paz Para honrar quem lenha pra tua fornalha foi Lenha pra tua fogueira eu serei