Eduardo Dias

Curumu

Eduardo Dias


Vem amor,
No remanso que vens, eu vou
Vem amor,
Do banzeiro chegando, amor
É tão cedo, cheira a flor
Do orvalho ao jasmim
Nesse amor que se dá
De um amor sem fim
Curumu
Céu azul abraçando a terra
Verdes matas que cobrem a serra
Onde canta o uirapuru
Curumu
Há um canto boiando aqui
Nessas águas de negros cristais
Espelhando encantos demais
Vem querer
Como o vento querendo a vela
Vem sofrer
Na ilusão que partiu com ela
Vem sei lá
Como a garça bailando no ar
Vem pra mim
Que eu me quero perdido assim
Curumu
Em teus braços me deixo sonhar
Em teus sonhos eu danço lundu
Me embalo com teus inajás
Curumu
Onde o índio já foi senhor
Cachoeira ainda canta a dor
Dor que eu sinto ao querer não ir
Canta rouxinol no galho alto
Piaçoca beira o lago
Voa, Voa ananaí
Segue a canoa rumo leste
Que a morena lá no porto
Quer também partir

Curumu
Jogo a isca e pesco amor
Faço um canto, porque de amor
Sou um barco que vai
Adeus...