Edu Lobo

Negro, Negro

Edu Lobo


Nem a água será espelho 
Nem a cinza negro, negro 
Nem o vôo será um traço 
Original e perfeito 

Nem o riso será do louco 
Nem o sacro será do luto 
Nem o mal fruto do acaso 
Nem o bem o mel do justo 

Quando o negro, negro de seus olhos 
Se espalhar na natureza 
Nem aves de arribação 
Habitarão a tristeza 
Quando o negro, negro de seus olhos 
Se espalhar na natureza 
Nem aves de arribação 
Habitarão 

Sequer a forma do pó 
O vivo dará ao morto 
Nem o amargo da bôca 
Dirá do amor o seu gosto 

Eu não quero saber o nome 
Da fera comum das ruas 
A forma cruel de luas 
Que ordinária nos consome 

Quando o negro, negro de seus olhos 
Se espalhar na natureza 
Nem aves de arribação 
Habitarão a tristeza 
Quando o negro, negro de seus olhos 
Se espalhar na natureza 
Nem aves de arribação 
Habitarão