Carnaval não tem limite nem controle nem fronteira Tem a sexta-feira gorda, o sábado de Zé Pereira Domingo, segunda e terça-feira E ressaca na quarta-feira E pena vale esperar, o povo é fantasiado A rainha é escolhida, o rei momo é coroado Mas se a rainha é de araque, o rei falsificado O clube é superlotado, a praia è abarrotada A avenida não cabe, a praça é contaminada Por tanto corpo bonito e tanta cabeça sem nada A massa é feito boiada, sem objetividade Ensaiando personagem, imitando a liberdade Camuflando o sacrifício e driblando a realidade E tenham propriedade, trocam de cara e de nome A minoria não brinca, a maioria não come Uns por falta de comida, outros por falta de fome Todo moralismo some pra dar vez aos enrrustidos As regras são alteradas, os papéis são invertidos Os roubos não são contados, os crimes não são punidos Desfiles são exibidos, droga injetada nas veias Igrejas ficam vazias, boites trabalham cheias Sobram brigas nas calçadas, faltam vagas nas cadeias É o refúgio das feias, o consolo do vulgar Não tem hora pra sair, nem tem dia pra voltar Feliz de quem vai e volta, ai daquele que ficar Todos pretendem mostrar pernas, busto e costas nuas Homens desfilam de pares, mulheres pelam de duas Ler o Jornal dá desgosto, faz medo sair nas ruas Recatadas e peruas, puritano e gavião Investem no visual, apostam na emoção As fantasias são ricas, os usuários não são Pra quem divulga é paixão, pra quem protesta é censura Pra quem promove é trabalho, pra quem estuda é cultura Pra quem assiste é laser, pra quem provoca é loucura As verbas da prefeitura cobrem projetos de famas Empresas vendem produtos, indústrias lançam programas E as honras são acordadas no câmbio negro das camas Os hospitais fazem tramas, a violência ameaça O tráfico entra em ação, a segurança fracassa A carência continua e a decepção não passa Cerveja, uísque, cachaça, cocaína, crack e cola Venda de entorpecente, os ?ilegal de pistola? São recheios do cardápio da geração coca-cola Ploculau si escola trio elétrico e frevioca O frevo pernambucano, o samba do carioca Abrem caminhos sem volta, deixam seqüelas em troca A música que a banda toca, o som que o grupo produz Não rompem todas as barreiras, nem quebram todos tabus Quando os corações são puros, as almas são de Jesus