Seis hora da manhã to de pé Acordo a nega véia prá fazê o meu café Mogango com leite, pão com morcilha Tem que tê sustança pra sustentá a família De manhã cedo já começa a empreitada Tomo um mate, dou uns osso pra cuscada Milho pros pinto, pras vaca um azevém Lavage pros porco... olha lá quem vem! É o seu alípio gineteando um azulego Montado de em pêlo - freio e pelego! - chegue pra diante, cumpadre! - eu falei. Hoje é dia de marcá - eu já sei. Encilhei o tostado e me fui pras marcação Com o seu alípio, o tibúrcio e o seu adão O meu cusco já queria se escapá - passa-te fora, guaipeca! - deu de volta pra lá Chegando no rancho, dez hora, mormaço A tropilha no potreiro, os piá de mão no laço Correria, relincho, mangaço e pó de mangueira E eu sento as garra nessas égua cabortera Tinha um ainda xucro, lindaço, Mas o que tinha de lindo tinha de ruim! ô picaço Malevaço! pior que cruzeira quando dá bote Num - vá! - tava domado e tosado a meio cogote Cavalo que eu boto as garra me carrega até nas carrera Essa é a lida loca campeira Refrão: Vamo cavalo, forma cavalo! eira eira! Dê-lhe que te dê-lhe - lida loca campeira Vamo cavalo, forma cavalo! eira eira! Dê-lhe que te dê-lhe - lida loca campeira (2x) Despois do almoço - carreteiro e café de cambona Uma hora pra sestiá com a cabeça nas carona Depois um mate - e uma carpeta de truco cego Espadão na mão - é vale-quatro e não nego Amanhã é domingo, dia de pescá Pegá traíra, tambica, jundiá Mas hoje é dia de serviço, é treta Olha lá os piá caçando sapo de bodoque na valeta - chama esses guri pra dentro que tá caindo o sereno! Isso aí pra dá pontada é um veneno! Sabe tudo, dona tiburcina, muié de fé Foi ela que me benzeu dum cobreiro nos pé A trotezito na estrada levamo um choque Tinha uma belina puxando um 147 de reboque - se andasse de a cavalo isso aí não assucedia! É o seu alípio - nego véio - com toda sabedoria Cola-fina da cidade não cruza minha porteira Essa é a lida loca campeira (repete refrão) De tardezita, banho de açude prá tirá A mulita - e um amor gaúcho pra perfumá Que hoje tem surungo no bolicho do joca Se sobrá uns troco da canha até arrasto uma chinoca Lá chegando o fandango já começava Polvadeira na sala de chão batido levantava E o porteiro já andava mais pra lá do que pra cá Num trago de respeito - entrei armado e sem pagá Oitavado no balcão, peguei a tragueá Só escuitando o gaiteiro tocando um xote baguá Uma morocha - lindaça - me mirou de relancina E eu já saí entreverado no salão - eu e a china Dando volta na sala - até que um cuera bebum Me disse uns desaforo - me mandou tomá no... pum! pum! Nem deu tempo de dizê o palavrão Já tava estirado batendo a perna no chão Estourou o bochincho - bala zuniu na oreia Pá! pá! - deitá o pelego porque a coisa aqui tá feia Se me cruza no costado é claque-pum sem conversa Esse é o 5°. distrito - é nóis que tá - é nóis que versa (repete refrão & fade-out)