Eu não quero interpretar nada, nenhum gesto, nenhuma palavra. Sentimentos ou ressentimentos, numa conversa cantada. Não procuro um jeito de acertar ou encaixar nada. O que não cabe em mim agora, tenho que aceitar. O que eu não quero, eu não posso de repente inventar. Como se fosse possível desfazer as palavras em amor. Não quero consertar a lâmpada queimada que queimou. Ou reviver a ilíada de uma odisséia que acabou. O gosto salgado do mar no meio do lixo do caos do barulho. As cores tão fortes das frutas na feira entre folhas e verduras. A graça da luz da manhã entre o som e a fúria da praça da paz. Estou assustada mas não há mais mágoa, não magoa mais. Ódio no meu coração eu não quero que entre e me acolha. Amarga é a vida que não perdoa sentimentos ou ressentimentos. Nada que o tempo não encontre a cura.