Vento que vem do Aracati Pelo leito seco do salgado Leva fumaça cinza daqui E trás a chuva pra molhar o roçado Que se Deus permitir Eu colher em agosto Eu mudo meu rosto de caba emburrado Vou pras bombas do hoje exaltado Eu me curvo e me queimo nas bombas Ouço os gritos dos tamarineiros Guardiões da Botija de Glória Ou são gritos das rasgas mortalhas As almas penadas Que assombram essa noite E quem teme as crendices Ditas pelo povo Não brinca com o fogo Da fé de um cristão E portanto vos digo, meu caro Eu vos digo,meu caro Não ouse..oh ohh Quantas vezes Caminhei no mei desse deserto Sem saber que tinha oásis no mei do sertão Tantas vezes fui dormir sem pedir benção ao credo Crendo eu que meu medo Era meros pretextos do incerto Da minha superstição Quantas vezes fui dormir com meio olho aberto Sem saber se eu tinha medo do bicho papão Ou por vezes que eu ficava na espreita pro teto Pensando quem outras vidas Eu pude ter sido um inseto Quem sabe eu fui o barão Não tire o santo do lugar Não tire o santo do altar dele Se essa baleia acordar Esse sertão vai virar mar E eu quero ver neguim na rede E pra quem não sabe nadar Também não vai morrer de sede E quem não bebe de cumbuca Quem for feita de açúcar Não me beije