O Homem da Lua tinha sapatos de prata A sua barba era de prata em fio O seu cinto era de pérolas E de esmeraldas um rio Com seu manto cinzento, certo dia Atravessou salão sem fim E com chave de prata, muito em segredo Abriu uma porta de marfim Por escada de filigrana, toda fio reluzente Desceu ele levemente E quando ao fim se viu livre De sua louca aventura, até pulou de contente Por rútilos diamantes, que têm o0 seu sainete Já tinha perdido o gosto. E até estava cansado Do seu alto minarete, todo de vidro polido E em paisagem lunar em alto monte pousado Por rubi ou por berilo, qualquer risco correria Pra enfeitar a sua fralda Ou por novos diademas e por valiosas gemas Fosse safira ou esmeralda Estava também solitário, sem ter nada que fazer A não ser olhar pro ouro A escutar o seu zunido que de longe chegava À medida que o ouro rolava No plenilúnio da sua lua de prata Em seu coração suspirava pelo Lume Não pelas luzes límpidas, desmaiadas Porque vermelho era o seu ciúme Por carmim e rosa e clarões de brasas De línguas dum fogo impetuoso Por céus escarlates ao romper do Sol quando nasce um dia tempestuoso. Queria ter mares de azul e as cores vivas De prados e verde floresta E ansiava pelo sangue dos homens Para alegria das gentes em festa