Sobô nirê, sobô nirê mafá Sobô nirê mafá, sobô nirê Eu arriei na falange Viradouro Com o meu gibão de couro Respeita Malunguinho Vai tremer se cruzar o meu caminho Vim tacar fogo no Brasil Sou o sagrado e o profano Derradeiro malungo, pavor dos tiranos Avesso da história oficial, herói apagado Fumaça no peito que ardeu rebelado Fogo alastrado no canavial Chave que abre a senzala Mocambo na beira da vala Corredor trilhado no sertão profundo Motim na proteção dos encantados Liberdade para escravizados Hoje mensageiro de três mundos Virei caboclo na mata do catucá Me forjei na pajelança, na magia do cocar O herdeiro da semente que estala maracá Virei caboclo, não mexe comigo Não enfrentei meus inimigos com preaca e facão Dos estrepes do caminho livrei os meus irmãos A rama soprada no vento Cachimbo que cura, o vinho na cuia O corpo do aflito fechei, triunfei, triunfá Sou juremeiro tinhoso ô Catimbozeiro afamado laiá Das sete cidades bom mestre Na sagrada jurema assentado Exu-trunqueiro, sete pontas guardião Estandarte no cruzeiro, a calunga em procissão Na encruza da avenida, um ligeiro alujá É o povo coroado de xangô a me chamar