Ela nunca viu a luz do Sol E a escuridão é toda cor que ela conhece Mas ela pode ouvir tão bem que as vezes Ouve seu próprio coração bater e o sangue fluír Ele achava estar ficando cego E como tantos deu sua face para a tristeza Doença degenerativa, rara e irreversível Viu a solução chegar com a Medicina Ela não teve tempo, morreu feliz sem dor A vida deu uma chance incompleta e ela aceitou Ela não teve escolha, mas escolheu viver Viver o seu para sempre sem cor, ouvindo para se ver Ele acordou cansado, num quarto de hospital Sua familia inteira a assistir, o seu grande final Ele tirou as vendas, queria abrir os olhos E ao enxergar seu filho menor, chorou ao lhe abraçar Mas me diz, quem é que foi mais feliz Quem aprendeu a viver, ou viveu quase no fim Mas me diz, o que é que vale a pena Perder seu tempo na dor, ou superar a tristeza Duas persianas coloridas Vetam a vista para o mar de fora da janela O mesmo anseio que apreende a liberdade Liberta a condição e a escolha para poder optar Mas quando o são e salvo enfrenta o tempo Ele não julga o depois e deixa para amanhã E enquanto o justo rí e um outro chora De dentro o peito respira o ar de fora